27 de maio de 2016

O que ninguém me disse sobre o parto!

Dou por mim a pensar por que raio não se pode dizer às grávidas como é um parto natural ou cesariana na sua verdadeira essência. Não só as coisas boas, mas também as menos boas para que as futuras mamãs se possam preparar para o que irão passar.
Costumo ouvir e ler por aí que o dia mais feliz da vida das mães é o dia do nascimento dos filhos.
Discordo. No meu caso não foram, de longe, os dias mais felizes. Foram sim, os dias mais longos, cheios de vida e adrenalina, mas também os mais stressantes e angustiantes.
Quem está grávida e quer saber TUDO sobre o parto natural e a cesariana ponha o dedo no ar?
(Ressalvo que isto é apenas a minha experiência e vale o que vale!)
Parto natural 
Com epidural é mágico. Espectacular. Muitas contracções com dor mas a partir do momento em que se leva epidural, tudo fica tranquilo.
No meu caso li revistas e dormi até ao momento chave em que tive vontade de fazer força e a enfermeira me disse "vamos já para a sala de parto. O seu bebé está a nascer e... tem cabelo!!!"Fui do quarto à sala de parto a dizer "cabelo? Cabelo? Como assim cabelo? Eu vou ter um bebé careca e loiro!"
Quando entramos na sala de parto colocam - nos numa posição muito desconfortável, perna escancarada, e começa a contagem descrescente para o momento em que o nosso mundo vira e fica de pernas para o ar... para sempre.
Cesariana
Barriga aberta. Epidural e um frio na barriga inexplicável, uma sala gelada, muita gente, uma sensação de que nos estão a cerrar ao meio.
O que é que ninguém me disse? Ora vamos a isto!
- Ninguém me disse que as grávidas podiam fazer as necessidades fisiológicas em plena sala de parto!
- Ninguém me disse que ia sentir a episiotomia (mesmo que sem dor)!
- Ninguém partilhou comigo que após o nascimento do bebé, temos uma outra contracção gigante que mais parece que nos vão sair as vísceras e nasce outra espécie de filha, mais parecida com uma alforreca e por quem nutrimos um carinho especial durante 40 semanas. Alguém adivinha o que é?! Começa em “Plac” acaba em “enta”.
- Ninguém me disse que no final do parto somos cosidas com uma linha continua e no final levamos um ponto de remate que nos arrepanha a perna (e não só) nos 8 dias seguintes…
- Ninguém me explicou (exactamente) como é que ia ficar toda esfrangalhada!
- Ninguém teve a decência de me dizer que no período de dilatação (ou ausência dela) várias pessoas nos medem o colo do útero como se de um frango no forno com limão se tratasse…
- Ninguém me disse que se as águas não rebentarem alguém as rebenta com uma espécie de garfo, mas mais afiado…
- Ninguém me disse que os obstetras usam uma máscara com uma luz na ponta e que na posição em que estamos, conseguimos ver TUDO através do reflexo!
- Ninguém me ensinou a ficar quieta com contrações de 30 em 30 segundos, à espera que me espetassem a agulha afiada da epidural e a rezar para não ficar sem um olho.
 - Ninguém me disse (esta fiquei mesmo furiosa por ninguém me ter dito) que no recobro, após a cesariana nos cerram um punho na barriga e apertam até ao limite das forças de forma a que todas as "cenas" que temos cá dentro, saiam por si. No fim de contas é - quase - como ter outro filho. 
- Ninguém me disse que disse que no período de expulsão do bebé as enfermeiras dão uma ajuda, fazendo uma espécie de "moche" em cima da nossa barriga.
- Ninguém me disse que no momento em que entramos no hospital queremos fugir, temos medo de não ser capazes, sentimos o coração a palpitar, pensamos a mil à hora que a nossa mãe já passou por isto, e a nossa avó e a nossa bisavó, mas que nós não vamos conseguir.
Mas conseguimos. Todas conseguem. Mesmo com tudo o que de pouco simpático nos acontece no processo, é a experiência mais avassaladoramente enriquecedora da nossa vida.
A sensação que o mundo - o nosso mundo - muda é maravilhosa. Aquele mundo que passa a ter mais do que (apenas) o nosso nome. O mundo, que nunca mais volta a ser o que era antes.
Ser mãe, é ser metade do mundo de alguém. E é alguém ser metade do nosso mundo. Para sempre!

Mãelabarista M.

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