29 de janeiro de 2017

"Os filhos mudam tudo". Este é o resultado de conversa entre amigas ❤

"Parecendo difícil também não é nada fácil".

Ter dois filhos pequenos com idades próximas não é propriamente fácil. É compensador, sim, vê-los descobrirem-se e vivenciarem experiências juntos desde cedo mas, enquanto Pais, por vezes, é um verdadeiro descalabro :-(
Se ate aos 12m nao é facil, a partir desta idade, com o sobressair da personalidade e o temperamento habitual do bebé, as coisas tornam-se visivelmente mais complicadas, quer física quer psicologicamente.
Para mim, a situação critica é, sem dúvida, nos momentos de maior stress como o ir trabalhar, estarem doentes ou a fazer birras medonhas. Queremos que tudo sejam feito à nossa maneira, porque somos mães e "a Mãe é que sabe", queremos calma e não queremos certamente ter alguém a "mandar postas de pescada" e a fazer perguntas enquanto os miúdos gritam, como se fosse audivel e perceptível. Muitas vezes, a presencia do Pai chega a ser factor de destabilização para a Mãe, para que tudo flua normalmente. Quando o nosso Pai não está, há menos complicações mas, também ha muito mais exigência da minha pessoa, o que, a maior parte das vezes, me "arruma" por completo.
Com o segundo filho, aí é que a dinâmica do casal, que ainda não tinha recuperado da dinâmica do filho único,  se altera, e nós, Pais-Tarefo-Rotineiros, se conseguirmos encontrarmo-nos na cama, à mesma hora, só se for com um a roncar e o outro a deitar-se fora de horas pois, de resto, somos dois seres com horários e actividades completamente diferentes, dentro da mesma casa. Quando finalmente conseguimos conversar ou namorar, ou um já caiu para o lado a dormir (normalmente sou eu) ou, então, já não nos podemos ver (nem ouvir!) pois já nos pegámos à discussão anteriormente.
"Os filhos mudam tudo". Este é o resultado de conversa entre amigas. A verdade é que, enquanto Mães, mudam, definitivamente para melhor mas, enquanto Mulheres/Esposas/Namoridas, mudam, substancialmente, para pior. É um facto. Se assim não acontece há, com certeza, algo  por detrás que não permite a falha em certas situações e, tudo isto, aliado às chatices do trabalho, aos hobbies diferenciados mas, acima de tudo, à noção de prioridade inerente a cada um, ajudam a que a relação fique simplesmente suspensa. As minhas prioridades enquanto mãe e enquanto mulher são exatamente as mesmas. Não se dissociam. Já as dos pais-maridos, não. Concordem, ou não, esta é a minha visão e a experiência que, por sinal, é a realidade de 100% das minhas amigas.
Ter filhos "arrebenta" com o casal. Não há tempo para mimos, para encontros, para carinhos, para atenção mínima. E, quando há algum tempo, o efeito bola de neve que tem como consequência o acomodar da situação. Liga-se a Tv, agarra-se o smart phone e, a vida cibernautica, é muito mais interessante. Perde-se a cumplicidade, a espontaneidade, a intimidade e dá-se lugar à rabugice, ás respostas tortas, à intolerância. Deixamos de nos conseguir rever no "outro", de nos realizar no outro e passamos a dar prioridade aos filhos. Acredito plenamente que a capacidade multitasking que está intrínseca ao papel de Mãe provoca, inevitavelmente esta diferente gestão de prioridades. O que me apercebo cada vez mais é que há uns captam perfeitamente esta capacidade e "encostam-se à sombra da bananeira" para que tudo lhes apareça feito, há outros que até dão uma "mãozinha ou outra" para que refilemos o mínimo possível, pois gostam é de brincar com eles e ainda há outros que ajudam imenso e conseguem dividir tarefas... (será que há mesmo?!)
A vida de Mãe não é fácil e já sabíamos disso mas, os maridos não o sabem, no entanto, os Pais dos nossos filhos devem, certamente, desconfiar.
Porque é que, da mesma forma que nos foi dada a incrível "multitasking function", não foi dada, os nossos mais-que-tudo a função  "ouvidos selectivos" ou, se foi, apenas a utilizam quando bem entendem? Seria certamente mais útil e, claramente, que sobressaiam grandes benefícios disso. Talvez, se se colocassem no nosso lugar, muito provavelmente, a vida a dois seria completamente diferente. E, aí, enquanto casal, ter filhos era a melhor coisa do mundo. `Bora juntar duas funções uteis e ir "desta para melhor"?!

Mãelabarista R ❤

26 de janeiro de 2017

Eu não me chamo MÃE!

A partir do momento em que aqueles dois traços apareceram deixei de ter nome. 

Começou logo nas primeiras consultas em que lentamente as Enfermeiras me começaram a baptizar ainda que a medo: a Mãe está de quantas semanas? 

As primeiras vezes achei imensa graça e esboçava um enorme sorriso para aquele que iria ser o meu novo estatuto, MÃE!

Depois a barriga vai crescendo, e vai crescendo também a confiança das Enfermeiras: Ó MÃE esse peso está acima do que é suposto! dos Médicos: Ó MÃE isso do sushi é que nem pensar! dos Farmacêuticos: Ó MÃE o seu médico receitou isto? dos Formadores de Pré Parto: Ó MÃE vai dar de mamar certo? dos Professores de Ginástica: Vamos embora MÃE, ou não está já mortinha para por um biquíni? dos Directores das Escolas: Ó MÃE não se preocupe que se houver vaga nós ligamos!

E sem saber ler nem escrever e ainda sem ter um filho nos braços, estou empossada de um verdadeiro estatuto e baptizada com um novo nome, MÃE! 

Chega o dia do parto e... agora sim, depois de 15 horas de trabalho de parto, de bufar e me contorcer com dores: ah Valente! Muito bem! Parabéns MÃE! meia atordoada (deve ter sido do clister) é a primeira coisa que oiço ainda antes de ela chorar! 

Depois vêm as Enfermeiras outra vez com aquela conversa que o meu A. às vezes também faz: Ó MÃE deixe-me lá ver essas mamocas! Se não tivesse sido cesariana, presumo que também dissesse: Ó MÃE deixe-me lá ver esse pipi! Really?! Sounds weird! 

Mas, ainda mais weird, very weird, e que, verdadeiramente me encanita (adoro encanita), são os casais que depois de serem pais se começam a tratar por MÃE e PAI! Ó MÃE o teu filho está a chorar! Ó MÃE passa-me essa perna de frango assado que tem tão bom aspecto! Ai PAI não faças isso que estão ali os miúdos! Isto não é romântico! Nada mesmo! Acreditem em mim!

E outra coisa que eu adorava, era encontrar a Educadora da minha filha na noite (a do meu filho já me chama pelo nome ufaaa) cada uma de nós com um gin na mão, e queria ver se ela ao som do Love You Better do Crazy White Boy (adoro esta musica) e com cara de “mas esta com dois filhos sai à noite” me conseguia dizer: Olá MÃE, está boa?

Deixem o "Ó MÃE" para os meus filhos, ok? 

MÃElabarista B. ♥️